quinta-feira, 31 de maio de 2012

Número de trabalhadores que pedem demissão diminui








Menos trabalhadores têm pedido demissão na cidade de São Paulo. Apesar de ainda registrar aumento, o número de desligamentos por vontade do funcionário cresceu menos nos últimos anos. Esse é um sinal de que a oferta de emprego já começa a diminuir.

Dados do Ministério do Trabalho mostram que 240,8 mil trabalhadores pediram demissão na capital nos primeiros quatro meses do ano, ante 227,9 mil no mesmo período de 2011, uma alta de 5,6%. Essa variação já foi maior: 27,7% no ano passado em comparação com 2010.

A abertura de postos de trabalho também caiu na comparação entre os primeiros quadrimestres de 2011 e 2012. Segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério, de janeiro a abril do ano passado, o saldo de desligamentos e admissões era de 102,4 mil vagas na capital paulista.

Já no mesmo período deste ano, a diferença entre o número de contratados e de demitidos foi de 71,9 mil, uma queda de 29,7% no ritmo da movimentação.

Segundo o professor de economia do Insper, Otto Nogami, os pedidos de demissão ocorrem por duas razões: um novo emprego, onde muitas vezes o trabalhador enxerga uma melhora na sua situação, ou oportunidade de empreender. Porém, o baixo crescimento desse indicador ocorre como consequência da fase pela qual a economia brasileira passa.

“O momento de euforia da economia brasileira já passou. Agora, estamos em um momento de acomodação da economia e de apreensão quanto ao futuro, pois o cenário ainda é nebuloso e acaba refletindo no mercado de trabalho”, explica Nogami.

Com a economia em ritmo mais lento, as empresas ficam mais cautelosas na hora de investir e abrir postos de trabalho, afirma Carlos Honorato, professor do Programa de Estudo do Futuro (Profuturo), da Fundação Instituto de Administração (FIA). “O mercado de trabalho não está ‘bombando’ como se imaginava e as estatísticas começam a mostrar isso”, diz.

A empresa de recrutamento Trabalhando.com já percebeu que alguns clientes adiaram novas contratações. De acordo com Renato Grinberg, diretor-geral, companhias que trabalham com grandes investimentos de capital e que estão de alguma forma ligadas ao mercado externo já fazem o movimento de aguardar o futuro da economia mundial para fazer novas contratações.

“Mas esse movimento de adiar a contração não ocorre em todas as áreas. O setor de construção civil, por exemplo, continua muito aquecido. Profissionais técnicos continuam tendo mobilidade no mercado de trabalho”, diz o diretor-geral do Trabalhando.com.

Contudo, Grinberg explica que não adianta apenas mudar de área profissional para se manter no mercado. “Se a pessoa não tem aptidão, não adianta fazer engenharia civil. Não vai dar certo.”

Qualificação

Na visão dos especialistas, o que o trabalhador pode fazer para continuar atrativo profissionalmente e conseguir superar eventuais crises do mercado é investir na qualificação.

“Há um ditado que diz que nos tempos bons devemos nos preparar para os ruins. Isso vale também para os profissionais. Quem se aprimora continua competitivo”, afirma Honorato.

Na hora de mudar de emprego, Nogami recomenda cautela. “A redução no ritmo do crescimento de economia também afeta as empresas. Se for procurar uma nova colocação, o salário não deve ser o único fator a ser levado em consideração. Também é preciso analisar a empresa em que existe a oportunidade, se ela tem perspectiva de crescer ou se garantir no mercado com uma economia mais lenta e, ainda, se poderá manter o seu emprego”, afirma o professor do Insper.

LUCIELE VELLUTO
Fonte: www.aasp.org.br / Jornal da Tarde

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